Entrevista: Roger Paul Mason fala sobre seu novo projeto, a banda Champu



Produtor americano responsável por álbuns do Holger e do Single Parents se aventura na música "brookzilian"



Champu

Desde que começou a trabalhar com bandas brasileiras como Holger (Sunga) e Single Parents (Unrest), o produtor americano Roger Paul Mason, que vive no Brooklyn, em Nova York, passou a conhecer bastante da música brasileira e decidiu que, assim como as bandas que produziu queriam assumir estéticas americanas, ele gostaria de fazer o caminho inverso. E agora, no começo de 2013, podemos conhecer a concretização deste desejo, que surge sob o nome de Champu.

Formado por Mason com integrantes das bandas Single Parents, Cabana Café, A Caçamba de Dona Madalena e Shed, a Champu é um supergrupo que junta pessoas de diferentes países, com músicas gravadas em diferentes locais, com planos de tocar em vários lugares - começando por aqui, onde se apresentam pela primeira vez na próxima semana.

Na bagagem da Champu há apenas um EP, disponibilizado no Bandcamp e que será lançado em breve pelo selo Balaclava Records. No entanto, Mason conta que eles já possuem várias músicas e gravarão mais ainda ao longo do ano. O maior desafio, agora, é conseguir pronunciar perfeitamente as palavras em português, mas o americano já está trabalhando neste detalhe para, cada vez mais, provar que todo mundo pode gostar de um gringo cantando em português.

Confira a nossa entrevista com Roger Paul Mason sobre o projeto:


BACKBEAT: Por que você decidiu gravar canções em português e como você está trabalhando nisso?

Roger Paul Mason: No passado, eu ajudei o Holger e o Single Parents a fazer músicas que emprestavam estéticas americanas. Foi surpreendente conhecer músicos no Brasil querendo cantar em inglês e soar americano. Eu pensei que seria muito divertido fazer o caminho contrário e tentar imitar os sons e batidas brasileiras com a minha própria imaginação. Para mim, a Champu soa brasileira, americana e, ao mesmo tempo, um pouco nonsense. Eu acho que o som é único. Nós chamamos isso de Brookzilian. Nós gravamos as canções no Estúdio Falcão, no meu home studio no Brooklyn (NY) e em apartamentos de amigos em São Paulo.

Como a sua experiência e contato com os artistas brasileiros te ajuda na Champu? E como você leva os elementos dos EUA para este projeto?

Eu aprendo muito com as pessoas que eu produzo. Elas são sempre muito orgulhosas da música feita no Brasil e todos os dias eu ouço algo novo e inesperado. Eu também aprendo sobre o próprio indie americano quando eu estou no Brasil. Por exemplo, o Holger me apresentou a banda WHY?, de Ohio. Eu voei 16 mil quilômetros para ouvir uma banda do meu próprio país. E eu também li vários bons livros de música enquanto eu estava trabalhando neste novo projeto, como “Life”, do Keith Richards, “Making Rumors” do Fleetwood Mac e “The Book Of Drugs”, do Mike Doughty (Soul Coughing). Então essas bandas estavam sempre na minha cabeça enquanto eu estava escrevendo.






Frequentemente você lança canções pelo seu projeto First Bird. Nós podemos esperar por algo bem diferente disso na Champu?

Muito diferente. First Bird é um projeto solo no qual eu lanço qualquer tipo de canção muito rápido, sem regras, sem preocupações e sem ensaios. Champu tem uma tese e também alguns desafios: pode um gringo que não David Byrne fazer música inspirada na música brasileira que pessoas em vários países irão gostar? Uma banda pode fazer turnês com membros vivendo em países diferentes? Eu acho que sim.

Quais são os elementos que você mais gosta na música brasileira? Quem é a sua inspiração?

Em primeiro lugar, os instrumentos. Os sons das baterias de escola de samba. Os acordes de guitarra que, como um gringo, eu nunca aprendi. O som das palavras em português e a voz da Rita [Oliva]. Isso tudo é muito novo e bonito para mim. Eu também tive muita inspiração dos meus amigos e das canções que foram escritas para eles. O Single Parents usa alguns acordes diferentes de guitarra, então eu emprestei isso. Eu peguei também alguns acordes do blues americano, do banjo de Keith Richards e eu inventei várias outros que eu gravei e, então, esqueci completamente.




Quais são os planos da Champu?

A parte legal é tocar em vários países. A banda tem membros do Single Parents, do Cabana Café, A Caçamba de Dona Madalena, Shed e eu espero mais ainda... Então, é um supergupo. Eu me sinto muito sortudo de ter conseguido tão fácil uma banda paulista. Todo mundo que eu chamei para tocar disse sim.
O trabalho vai sair pela Balaclava Records. Eu vou pintar à mão as capas do EP, uma a uma, e então nós vamos lançar cópias limitadas. Nós temos várias músicas, mas eu quero voltar ao Brasil mais vezes este ano para gravar mais.

Para você, a linguagem de uma canção é uma parte essencial?

A linguagem é, pelo menos, 50% da canção. As pessoas sempre me disseram que era difícil escrever letras de rock em português, e agora eu vejo que elas estavam certas. É muito diferente... Tem o dobro de sílabas! A maioria das músicas em português da Champu não serão lançadas até eu conseguir pronunciá-las perfeitamente. Eu estarei trabalhando nisso este mês, antes de a gente tocar no Showlivre no dia 24.

---

Para ver as apresentações ao vivo da Champu:

24/01 - 16h - Ao vivo no Showlivre
25/01 - 18h - Casa do Mancha 
Rua Filipe de Alcaçova, s/n - Pinheiros - São Paulo

Para conhecer a banda:

http://champu.bandcamp.com/
http://www.facebook.com/champuabanda



0 comentários:

Postar um comentário