A trilha sonora de Maria Antonieta


Ou como a história da Rainha da França mais odiada da história entrou em nossos corações com o talento de Sofia Coppola



Tenho certeza de que quando a jovem diretora Sofia Coppola recebeu todas as críticas em 2006, na estreia de Maria Antonieta em Cannes, nem ela, ou muito menos, os críticos imaginaram que o longa se tornaria referência pop para dezenas de pessoas mundo afora. Historicamente, é bem possível que o filme seja falho, mesmo considerando o prêmio de Cinema Prize of the French National Education System em Cannes. Mas é de se duvidar um pouco da veracidade dos fatos a partir do momento em que Coppola transformou uma das precursoras da Revolução Francesa em ídolo pop. Sim, nós amamos a Maria Antonieta de Kristen Dunst e adoramos sua trilha sonora que fez questão de fugir ao máximo do século XVIII.

A biografia da Rainha da França nos faz sonhar com os luxuosos palácios franceses e com o impecável figurino (e a famosa cena do All Star, já que se Antonieta fosse viva, definitivamente ela usaria um belo par). Mas sua trilha sonora, sem dúvida, traduz os sentimentos da austríaca Maria Antonieta forçada a um casamento político fadado ao fracasso. E não é de se estranhar que algumas vezes a trilha pareça adolescente demais, mas é justamente por isso que ficou genial.



Inicialmente, a trilha nos engana. Calma e clássica, ela segue o espírito de Maria Antonieta, que não entende muito de Versalhes e demora a entrar no ritmo. Mas, depois das aulas de etiqueta e da rotina estressante e dispensável, a jovem austríaca se liberta e começa a fazer a festa com o dinheiro do povo francês. É aí que começa a entrar Pulling Our Weight, I Don’t Like It Like This e Keen on Boys, do The Radio Dept, Aphrodisiac e I Want Candy, do Bow Wow Wow, The Melody Of A Fallen Tree, do Windsor For The Derby 8 e Ceremony, do New Order. O auge da trilha fica por conta de Fools Rush In, na versão do Bow Wow Wow, em um momento de libertação de Maria Antonieta, Plainsong, do The Cure, na cerimônia de coroação da nova Rainha, What Ever Happened, do The Strokes, enquanto a jovem sofria de amor pelo amante a caminho da guerra e, ao final, All Cats Are Grey, também do The Cure, que transparece perfeitamente o fim crítico da Delfina.

A trilha traz principalmente o espírito das bandas citadas, mas é também composta pelas instrumentais Opus 36 e Opus 17, de Dustin O’Halloran, que traz o lado doce de Antonieta, Natural’s Not In It, do Gang Of Four, que dá o ponta pé inicial ao longa e Concerto In G, de Roger Neill, que acompanha a agonia da jovem no palácio de Versalhes e sua incessante rotina.


Listar todas as músicas que compõem a trilha é um desafio. Principalmente, por suas canções inseridas em momentos certos, e que claramente, transformaram Maria Antonieta em um personagem ainda mais famoso e popular quase três séculos após o fim de sua história, Sofia Coppola conseguiu mais uma vez entrar em nossas listas de filmes e trilhas preferidas e fez, a partir de uma história batida e antiga, um autêntico filme do século 21.

Um comentário:

  1. Sandy, eu adorei esse filme! A versão de Sofia para uma das figuras mais importantes da história francesa ficou muito interessante; com esse toque pop que vc comentou, ela ficou mais atual, mais próxima da nossa realidade, e menos "da realeza", se é que isso é possível, rs.
    De todas as músicas da trilha, a que mais gosto é a dos Strokes, pois sou fã da banda, mas também gosto muito do The Cure, e acho que as músicas ficaram perfeitas no filme.
    Bjos!

    ResponderExcluir