A deliciosa trilha de Elizabethtown



Em sua primeira coluna, Sandy Quintans fala sobre as músicas que embalam a história de Claire e Drew

por Sandy Quintans





Elizabethtown foi o primeiro filme em que me apaixonei por uma trilha sonora. Foi o primeiro filme de minha fase “crescida” que assisti repetidas vezes, já que criança meu filme era Operação Cupido. Foi meu primeiro CD de trilha sonora comprado com meu próprio dinheiro – já que lá em casa o que não falta são álbuns de trilhas. Foi também um dos primeiros filmes em que percebi que a vida não se tratava apenas de elfos, anões e jovens bruxos a caminho de Hogwarts. Por isso, para começar esta coluna, nada melhor do que o primeiro filme de relações de minha adolescência.

Elizabethtown é um daqueles filmes que te dá vontade de assistir de novo, de novo e de novo. Embora pareça ser um clássico filme de romance, tipo água com açúcar, ele é um filme que pode ser sobre tudo. Drama, comédia, de estrada, de família e de amor. Mesmo tendo sido um filme que muitos críticos torceram o nariz (você há de concordar que os filmes odiados por críticos costumam ser os melhores), é apaixonante por causa de sua trilha. Trilha sonora, meu caro, é algo essencial para o envolvimento do espectador com o filme. Às vezes o enredo pode ser fraco, mas, se a música te envolver, você vai sair com um sorrisinho no final, ou, quem sabe, até lágrimas. Nunca se sabe. Devolvi o filme na locadora com aquele pensamento de “por mim não devolveria nunca mais” e logo corri pra comprar a trilha sonora - só depois entrou o DVD na minha coleção.

Para quem nunca assistiu, o filme conta a história de Drew, interpretado por Orlando Bloom, que depois de dar um prejuízo bilionário à empresa que trabalhava, decide se matar. Mas, contrariando seu plano, uma série de incidentes o leva para pacata cidade Elizabethtown, nos Estados Unidos, para o enterro de seu pai. No meio do caminho ele conhece uma aeromoça louca, a Claire, interpretada por Kirsten Dunst, que na verdade é a melhor personagem do filme. Calma, não te contei o filme todo, acontece muito mais.

A história é boa, os cenários também, mas a trilha sonora é o tudo do filme. Em meio aos passeios que o longa te leva, músicas como IO (This Time Around), de Helen Stellar, My Father’s Gun, de Elton John, Jesus Was a Crossmaker, do The Hollies, Learning to Fly, de Tom Petty e a adorável Summerlong, de Kathleen Edwards fazem o clima de humor negro que o filme traz ao sofrimento de Drew com a perda de seu pai. Come Pick me Up, de Ryan Adams, embala o romance não assumido de Claire e Drew, em suas longas conversas pelo celular durante a madrugada. Não dá pra falar da trilha sem citar Susan Sarandon dançando a clássica Moon River em homenagem ao falecido marido e o incêndio durante a performance do primo de Drew ao tocar Free Bird, do Lynyrd Skynyrd.



A partir daí, a trilha atinge seu auge. Claire prepara um roteiro para Drew voltar pra casa dirigindo, maneira que o faz visitar diversas cidades do estado do Kentucky, como Memphis, a cidade do nosso rei do rock. No roteiro, a aeromoça produz uma trilha especialmente para cada momento da aventura, em que inclui músicas como Long Ride Home, de Patty Griffin, Jeff Finlin, do Sugar Blue, Don't I Hold You, do Wheat, Shut Us Down, de Lindsey Buckingham, Hard Times, do Eastmountainsouth, Pride (In The Name Of Love), do U2 e a deliciosa Square One, de Tom Petty. Além destas, a trilha também ganhou duas músicas compostas pela esposa de Cameron Crowe, diretor do filme: 60B, música instrumental que, se você assistir, vai entendê-la, e Same in any language, uma balada que traduz o espírito e a mensagem do filme.


Depois de curtir as aventuras de Drew por esta parte do Estados Unidos agradável e pouco retratada, foram lançados dois volumes da trilha, já que, além de ser enorme, ainda fez um sucesso danado entre os fãs. É uma trilha deliciosa pra se ouvir em um calmo bate-papo com os amigos ou quando se está querendo pensar na vida. Agora, se você não assistiu ao filme e for oldschool igual a mim, corre pra locadora. Se for modernoso, baixa aí.




2 comentários:

  1. Oi Sandy,
    eu ainda não vi essa filme, apesar das várias oportunidades que tive para faze-lo. Também acho a trilha sonora de vital importância para qualquer obra audiovisual, e é bem isso que você falou, filmes com boas trilhas nos conquistam sempre. A primeira trilha a que dei verdadeira atenção foi a do filme "Pulp Fiction", e, inclusive, foi o primeiro CD que comprei desse gênero também. Gosto tanto dessa interação da música com outros tipos de arte que mantenho em meu blog, humildemente, uma coluna sobre trilhas, onde crio as listas com base nos livros que já li e que acho que deveriam ter uma boa música de acompanhamento.

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  2. Oi! Eu escrevo sobre trilhas sonoras no site Setima Cena e me emocionei com o seu texto sobre essa trilha. Esse é meu filme preferido e as músicas realmente incríveis, pra quem realmente gosta de boa música, assim como o Cameron Crowe.
    Parabéns pela simplicidade na escrita, suas palavras são muito bonitas = )

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